Um Desabafo Silencioso

Sabe, eu nunca pensei que seria assim. Quando nos casamos, imaginei que tudo seria uma construção mútua, uma caminhada conjunta. Mas, ao longo dos anos, percebi que as coisas mudaram. Parece que minhas palavras não chegam mais até você. Eu falo, explico, tento mostrar o que sinto, o que penso, mas você não me ouve. Ou pior, ouve, mas não escuta de verdade.

É como se estivéssemos cada vez mais distantes, ainda que estejamos no mesmo lugar. Eu tento entender o que se passa com você, tento ver as coisas sob a sua perspectiva, mas não sinto o mesmo retorno. Não é que você não se importe, sei que se importa. Mas parece que, para você, o meu jeito de ver o mundo, o que eu sinto, não tem o mesmo valor.

E com isso, nos afastamos. Não foi de uma hora para outra, foi aos poucos, quase imperceptível. Primeiro, foram as conversas que ficaram mais curtas. Depois, a distância no olhar, nas atitudes. Hoje, estamos aqui, vivendo lado a lado, mas sem realmente compartilhar a vida. E isso dói. Dói mais do que eu consigo colocar em palavras. A comunicação que era tão natural no começo agora parece uma batalha. Cada palavra dita precisa ser pesada, cada gesto, pensado. Não sei quando tudo se tornou tão desgastante.

Eu sei que as coisas não são fáceis. Sei que nenhum relacionamento é simples, mas eu tinha outras expectativas. Acreditei que estaríamos mais fortes a essa altura, mais unidos, mas estamos apenas sobrevivendo. E essa sobrevivência silenciosa, esse desgaste diário, nos consome. Cada frustração acumulada, cada pequena decepção, vai corroendo aquilo que construímos com tanto esforço.

E o que mais me assusta é o medo de que isso se torne irreversível. Porque não é só o amor que precisa de cuidados, é a parceria, é a confiança, é o respeito. Se não cuidarmos de tudo isso, chegamos ao ponto em que o silêncio grita mais alto do que qualquer palavra.

Esse poderia ser facilmente um diálogo sobre um casamento tradicional, mas também pode ser um desabafo de um franqueado que já não tem tanta esperança no “viveram felizes para sempre” prometido por ambas as partes na assinatura do Contrato de Franquia.

“Viver” uma relação de franquia é viver uma parceria que exige comunicação aberta, empatia e, acima de tudo, respeito mútuo. Quando uma parte se sente ignorada, desvalorizada ou incompreendida, o relacionamento se desgasta. As expectativas não são atendidas, a frustração cresce, e o afastamento é inevitável. E tal como no casamento, se não há diálogo, se não há esforço para entender o outro lado, a parceria está fadada ao fracasso.

Uma franquia, assim como um casamento, não se sustenta só com contratos e promessas. Ela precisa de cuidado diário, de ajustes constantes, de uma comunicação sincera e aberta. Caso contrário, o que começou como uma união promissora se transforma em um campo de desgaste e desilusão.

 

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