O comércio e o varejo brasileiro seguem criando empregos — mas há um “vai-e-vem” forte: muita gente entra, mas quase tanta sai logo em seguida. A conta é simples: o saldo de empregos é positivo, mas a rotatividade está fazendo barulho.
Emprego vai bem — retenção nem tanto
Mesmo com juros elevados, consumidores endividados e inadimplência em alta, o setor de comércio continua sendo um dos campeões de geração de trabalho no País. Ele é histórico como porta de entrada para quem está começando no mercado.
Só que há um desafio enorme: muitos empregadores não estão apenas somando admissões — estão substituindo pessoas o tempo todo. A rotatividade é tão alta que, segundo a FecomercioSP, não significa necessariamente que existam “novas vagas” suficientes, mas sim reposição constante.
Essa troca constante traz custos pesados: seleção, treinamento, integração… tudo isso pesa — especialmente para pequenas empresas, que têm menos folga no caixa.
Os números que assustam
-
No Estado de São Paulo, até junho de 2025, foram +14,1 mil vagas formais criadas no varejo.
-
Mas a rotatividade também é altíssima: ~ 37% até esse mês — ou seja, mais de 30% dos empregados contratados deixam o emprego logo.
-
Se esse ritmo continuar, em cerca de 1,7 ano quase todo o quadro de funcionários pode ter sido trocado.
Causas que pesam
-
Muitos trabalhadores são da Geração Z, que valorizam flexibilidade, bons benefícios, equilíbrio entre vida pessoal e trabalho… e estão menos dispostos a se prender a empregos com condições monótonas ou sem perspectivas.
-
Para pequenas empresas, o problema é ainda maior: elas têm menos recursos para suportar o turnover. Se um profissional sair, não só se perde quem sabia daquela loja, daquele produto, daquele cliente, mas também a reputação e confiança que aquele trabalhador construía.
Possíveis remédios
Os especialistas consultados pela FecomercioSP apontam soluções práticas para segurar os talentos:
-
Processos seletivos mais certeiros — captar quem se identifica com a cultura da empresa, com clareza das funções.
-
Planos de carreira para jovens — aprendizagens, estágios, metas de permanência, capacitação constante.
-
Uso de tecnologia — para automatizar tarefas repetitivas, diminuir retrabalho e aumentar produtividade.
-
Flexibilização nas formas de contratação — trabalhar com escalas criativas, jornadas parciais, ou mesmo intermitente, se bem aplicada e dentro das regras.
Para finalizar
O varejo está em uma encruzilhada: embora continue gerando emprego, precisa investir fortemente em retenção, porque só “novas contratações” não bastam. Sem foco nisso, os custos do vai-e-vem corroem margem, desgaste psicológico, reputação — e, no fim, quem perde é o negócio.
Você pode se interessar por isso: Abordagem, sangue nos olhos, faca na caveira? Até quando vamos continuar agredindo nossos consumidores?





