Outubro registra forte desaceleração no varejo alimentar. Veja dados, categorias mais afetadas e mudanças no comportamento do shopper brasileiro.

Varejo Alimentar Enfrenta Desaceleração em Outubro: Clima Ameno e Novos Hábitos Redesenham o Consumo

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O mês de outubro trouxe sinais claros de desaceleração para o varejo alimentar brasileiro. Em um cenário marcado por temperaturas mais amenas, preços elevados e um consumidor cada vez mais cauteloso, o setor viu suas vendas recuarem e seus padrões de consumo se transformarem.

A combinação entre clima, contexto econômico e novos hábitos de compra desenhou um panorama de desafios — mas também de mudanças importantes no comportamento do shopper.

Menos consumidores nas lojas e preços mais altos pressionam o setor

De acordo com o Radar Scanntech, as vendas do varejo alimentar caíram 3,6% em outubro, impulsionadas por um aumento médio de 5% nos preços. Além disso, o fluxo de consumidores diminuiu 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, evidenciando um shopper mais seletivo, que busca promoções, ajusta volumes e prioriza itens essenciais em sua cesta.

Bebidas e indulgências concentram a maior parte da queda

Dois grupos de produtos foram responsáveis por 90% da retração no volume vendido:

  • Bebidas, especialmente aquelas consumidas em períodos de calor;

  • Itens de indulgência, como chocolates, biscoitos, balas e snacks.

Sozinha, a categoria de bebidas respondeu por 55% da queda. Nesse segmento, o impacto do clima foi determinante: com temperaturas 0,4°C mais baixas do que em outubro de 2024, houve um recuo expressivo no consumo de cerveja (–16,3%) e refrigerantes (–4,3%).

A isso se somou um fator conjuntural: o aumento nos casos de intoxicação por metanol na Região Metropolitana de São Paulo, que derrubou as vendas de gin, vodca e uísque em até 40% na última semana de outubro. No país, a retração média desses destilados ficou em 26%.

Indulgências em queda, saudabilidade em ascensão

Os itens indulgentes também tiveram forte influência no desempenho negativo do mês, respondendo por 20% da retração total. Porém, diferentemente das bebidas, aqui o movimento revela uma possível mudança estrutural no comportamento do consumidor.

Enquanto chocolates, biscoitos e doces perdem espaço, produtos associados à saudabilidade ganham relevância. E mesmo dentro das categorias indulgentes, observa-se a migração para itens mais premium, indicando um comportamento de “menos quantidade, mais qualidade”.

Entre os produtos indulgentes:

  • Chocolates tiveram a maior queda (–10,6%) — também foram os que mais encareceram, com 18,6% de alta nos preços;

  • Biscoitos caíram –6,4%;

  • Balas e pirulitos, –4,1%;

  • Snacks e petiscos tiveram queda mais moderada, de –2,2%.

Uma relação híbrida: funcionalidade com sabor de indulgência

Segundo Felipe Passarelli, Head de Inteligência de Mercados da Scanntech, o varejo vive um momento em que a dinâmica do comportamento do consumidor impacta diretamente o desempenho do setor. Ele destaca que categorias funcionais — como os produtos proteicos — seguem crescendo, mas sem abandonar os sabores indulgentes, como chocolate e doce de leite.

O consumidor atual, afirma Passarelli, busca benefícios e prazer ao mesmo tempo, o que exige dos varejistas um olhar cuidadoso para ajustar mix e estratégias.

Norte e Sul registram as maiores quedas

A retração atingiu todas as regiões do país, embora em intensidades diferentes.

  • Norte: –6,4%

  • Sul: –4,3%
    As demais regiões também apresentaram queda em unidades vendidas, reforçando que o movimento é nacional e consistente.

Conclusão: Uma nova lógica de consumo em formação

O desempenho de outubro revela que o varejo alimentar está diante de um consumidor mais atento aos preços, mais seletivo nas compras e mais envolvido com propostas de valor ligadas à saúde e à qualidade. A combinação entre clima, economia e novos hábitos indica que o setor precisará evoluir continuamente, ajustando sortimento, estratégia promocional e comunicação para atender a uma jornada de compra em transformação.

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