Sete tendências do NRA Show 2025 que estão transformando o foodservice

Sete tendências do NRA Show 2025 que estão transformando o foodservice

Por Simone Galante, fundadora e CEO da Galunion

Estive na NRA Show 2025, em Chicago, à frente de uma delegação com 135 líderes brasileiros. Lá, vimos na prática como o foodservice mundial está se reinventando.

A seguir, compartilho com vocês as sete grandes tendências e contexto que não apenas movem nosso mercado, mas refletem transformações mais amplas no jeito de comer, trabalhar e inovar. Aproveito e recheio também com exemplos reais observados na feira que podem inspirar sua atuação.

Começo pela cadeia de suprimentos, porque antes de qualquer prato chegar à mesa, existe um bastidor complexo. E hoje, ele está sob pressão. Volatilidade de custos, gargalos logísticos e escassez de insumos forçam os operadores a adotarem tecnologias de monitoramento em tempo real, diversificar fornecedores — inclusive locais — e buscar mais eficiência na distribuição.

Não se trata mais de cortar custo, e sim de ganhar inteligência e agilidade.

Exemplo na NRA Show 2025: a startup Afresh apresentou uma IA especializada em alimentos frescos que prevê vendas com base em clima e histórico, reduzindo desperdício. Já a Relocalize exibiu micro fábricas móveis, permitindo produção e distribuição local de gelo e bebidas com menor impacto logístico.

E isso nos leva ao maior ativo de qualquer operação: as pessoas. A força de trabalho no foodservice está mudando. Não basta contratar: é preciso treinar, engajar e respeitar. Tecnologias de gestão de aprendizagem, plataformas para escalas mais humanas e automação de tarefas repetitivas já são realidade.

E o que vemos é que, quando cuidamos das pessoas, a experiência do cliente se transforma naturalmente.

Exemplo na NRA Show 2025: o robô Flippy 2, da Miso Robotics, foi demonstrado operando fritadeiras, liberando os funcionários para focar no serviço ao cliente, o que não foi propriamente uma novidade, porém vemos sua evolução. Enquanto isso, a Dutch Bros Coffee se destacou por práticas de engajamento e propósito que tornam seus baristas protagonistas da experiência.

E como esta é uma das maiores dores, temos mais exemplos! A Sweetgreen compartilhou como investe na formação de líderes em loja com trilhas de desenvolvimento personalizadas e foco em propósito, criando senso de pertencimento. A rede First Watch destacou suas políticas de bem-estar, como horários previsíveis, pausas remuneradas e valorização da rotina diurna (evitando turnos noturnos), como forma de atrair e manter talentos no setor.

Mas é o consumidor que dita o ritmo. E hoje, ele está mais atento à saúde, ao bem-estar e à sua relação com a comida. Vemos um aumento expressivo na busca por porções menores, ingredientes naturais e pratos plant-based, com uma evolução nítida em sabor e textura, aliás, as bebidas plant-based são um absoluto sucesso. A ascensão dos medicamentos GLP-1, usados no controle de peso, já está impactando o comportamento alimentar, exigindo novas abordagens de menu e foi um tema relevante na feira.

O que era nicho, agora é mainstream.

Exemplo na NRA Show 2025: a Meati Foods apresentou “steaks” feitos de micélio (raiz de cogumelos) com textura de carne, ricos em proteína e fibras. Vimos mixes onde parte era carne bovina, parte cogumelos com sabor espetacular. O estande da Oatly destacou leites vegetais com fórmulas ajustadas para menos açúcar e maior cremosidade. Snacks fermentados e bebidas funcionais estavam por toda parte no Innovation Hub.

Ao mesmo tempo, o consumo sai do salão e vai para fora do restaurante. Delivery, takeout, catering — não são mais complementos, são canais centrais. Isso exige uma reengenharia da operação: cardápios que viajam bem, embalagens inteligentes e até Dark Kitchens para dar conta da demanda.

A operação precisa ser omnichannel, mas sem perder a essência.

Exemplo na NRA Show 2025: a Kitchen Dance chamou atenção com sua linha de embalagens sustentáveis e resistentes ao calor, desenvolvidas especialmente para delivery e catering. Com opções em alumínio reciclável e PET compostável, a empresa demonstrou como o design inteligente pode preservar a qualidade sensorial dos alimentos, mesmo fora do salão. Já a Reddie Technology apresentou soluções de autoatendimento e fulfillment para operações off-premise, incluindo quiosques compactos e sistemas de pedidos integrados a aplicativos de entrega.

E como gerar desejo nesse cenário? Com personalização e ofertas de tempo limitado — os famosos LTOs. Aqui, vemos a criatividade ganhar força. Itens versáteis que podem ser adaptados para diferentes públicos e bebidas como grande vitrine de inovação.

Porque a experiência precisa ser fresca, surpreendente e… ficar ótima no vídeo das mídias sociais!

Exemplo na NRA Show 2025: No stand da Heinz, por exemplo, os visitantes recebiam garrafas de ketchup personalizadas com seus nomes, em uma ativação pensada para viralizar nas redes e reforçar o vínculo afetivo com a marca. Já a Coca-Cola surpreendeu com o lançamento do Sprite + Tea, inspirado em uma tendência do TikTok com mais de 120 milhões de visualizações — um LTO que transformou comportamento digital em produto físico, além dos smoothies na parte “secreta” do stand base Fanta e Sprite.

Estes exemplos evidenciam o papel estratégico dos fornecedores e das parcerias na construção de propostas memoráveis, conectadas ao consumidor e capazes de impulsionar negócios em tempo real.

Tudo isso é potencializado pela explosão de dados. Mas dado por si só não vale nada. O desafio está em transformar informação em ação. Inteligência artificial, dashboards preditivos, recomendações operacionais: estamos entrando em uma era onde o gestor precisa menos de planilhas, e mais de insights.

🔍 Exemplo na NRA Show 2025: a PreciTaste apresentou soluções de visão computacional que monitoram estoques e orientam o preparo em tempo real. Já a Advantech integrou IA em quiosques e sistemas de checkout, oferecendo insights operacionais direto na cozinha e no atendimento.

E, por fim, o sabor. Porque, no fim das contas, é isso que nos conecta. Os sabores globais (especialmente os asiáticos) estão dominando paladares. Do kimchi coreano ao umami japonês, passando pelos fermentados chineses, vemos uma abertura maior para o exótico, o picante, o autêntico.

Sabores contam histórias, e o consumidor quer viver essas histórias com profundidade.

🔍 Exemplo na NRA Show 2025: vimos kimchi em pratos criativos, do mac’n’cheese ao wrap vegano. O gochujang foi estrela em molhos de hambúrguer. E farinhas ancestrais como a de teff etíope surgiram em versões de panquecas e wraps — celebrando diversidade e identidade.

Bem, de forma ultra resumida, temos:

  1. Otimização da cadeia de suprimentos:
    tecnologia para lidar com pressões de custo
    e complexidade logística
  2. Eficiência da força de trabalho:
    capacitação e gestão inteligente
  3. Bem-estar e Mudanças nos padrões alimentares (saudabilidade, ingredientes menos processados,
    menor teor alcoólico, porções menores…
    com variadas soluções no mercado)
  4. Crescimento do consumo fora do restaurante (off-premises) 
  5. Customização e Ofertas por Tempo Limitado (LTOs)
  6. Expansão e aplicação de dados brutos em ações práticas – papel relevante da IA
  7. Sabores Globais, com ênfase em influências asiáticas

Me despeço deste nosso artigo com uma provocação:

Estamos preparados para entregar tudo isso com consistência, propósito e empatia?

Como eu disse na palestra que tive a honra de realizar na NRA Show:

A tecnologia escala eficiência. Mas a humanidade é quem escala significado. E o futuro do foodservice será cada vez mais “Tech + Touch”.

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