Na década de 90, quando o franchising brasileiro ainda engatinhava, o raio era uma maneira de manter a paz.
Naquela época, não havia Geomarketing, abrir uma unidade era, em grande parte, uma aposta.
Como era tudo mato, a falta de estudo era resolvida entregando áreas maiores, às vezes, o franqueado ganhava bairros inteiros com base em um único ponto.
Visto como medida anticrise, o contrato dizia: “ninguém pode abrir uma loja num raio de 2 km deste ponto”, e todos dormiam tranquilos.
Hoje, estamos diante de uma inversão curiosa: se antes o raio protegia o franqueado da franqueadora, agora, é a justiça quem cobra das redes a definição de áreas com “lógica de mercado”.
O raio como base
A cidade, claro, não parou, a geografia urbana se adensou, surgiram “centrinhos” comerciais inesperados, pontos de rua com altíssimo fluxo, avenidas que viraram corredores, bairros antes periféricos que se tornaram centrais.
E aí veio o paradoxo: o raio, que antes protegia, agora limita.
Um ponto em um shopping bloqueia outro ponto de rua, com público diferente, comportamento diferente.
Como consta no site do escritório Elias & Cury Advogados, num caso recente julgado pelo TJ-SP, a condenação se deu por falta de sustentação de mercado que justificasse a abertura de um segundo ponto nas imediações de outro.
Em outras palavras: se antes a definição do raio era de livre arbítrio, agora ela precisa ser proporcional e fundamentada.
Hoje, cláusulas de exclusividade só se sustentam se acompanhadas de fundamentação técnica: análise de densidade populacional, fluxo de consumo, estudo de demanda, potencial de mercado.
Não basta o contrato, é preciso o porquê do contrato.
A posse de fato
O franqueado moderno sabe disso tudo e não quer mais um raio, quer uma área de influência real, baseada em dados de consumo e intenção de compra.
E se esse território permitir múltiplas unidades, melhor ainda.
Entra em cena a multifranqueabilidade, o modelo onde um único franqueado opera várias lojas numa mesma região, otimizando gestão, marketing local e delivery.
Essa é a nova perspectiva: preencher o território, não protegê-lo com vazios.
Ou como os mais modernos preferem colocar, a lógica da escassez dá lugar à abundância, o medo de canibalização cede à confiança de que uma gestão territorial eficaz permite a saturação da região.
Esse novo pensamento exige outro tipo de espaço para acontecer, um espaço onde franqueadores e franqueados fundem-se em algo maior, é aí que entra o Communit “Somos Multi”.
De 24 a 26 de setembro, em São Paulo, acontece o maior evento sobre multifranqueabilidade, um convite para quem pensa em expansão como equilíbrio de rede.
Como participar
📍 Quando: 24 a 26 de setembro de 2025
📍 Onde: São Paulo, na ARCA (Av. Manuel Bandeira, 360 – Vila Leopoldina)
🎟️Como se inscrever: communit.com.br/somos-multi
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