Vamos falar de créditos tributários esquecidos? O sistema tributário brasileiro é reconhecido como um dos mais complexos do mundo. Nesse cenário, muitas empresas acabam deixando de recuperar valores significativos que poderiam ser reinvestidos em inovação, expansão e competitividade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), cerca de 95% das companhias recolhem mais impostos do que deveriam, o que representa bilhões de reais parados nos cofres públicos por falta de revisão ou desconhecimento de benefícios legais.
Pagar imposto não é o mesmo que pagar certo
Para Maynara Fogaça, estrategista tributária e CEO da Visão Tributária, há uma diferença crucial entre cumprir obrigações fiscais e otimizar a carga tributária. Com mais de duas décadas de experiência, ela calcula que empresas de médio e grande porte deixam de recuperar, em média, 2% a 5% do faturamento anual em créditos não aproveitados. “Esse dinheiro, que poderia estar fortalecendo o caixa, muitas vezes é perdido simplesmente por falta de análise técnica”, explica.
Entre os créditos mais ignorados estão os de PIS e Cofins sobre insumos, energia elétrica, transporte de mercadorias e serviços contratados — todos passíveis de recuperação legal para empresas enquadradas no regime de lucro real.
Revisão tributária como inteligência empresarial
A legislação brasileira permite revisar tributos pagos indevidamente nos últimos cinco anos, seja por meio de restituição ou compensação com débitos futuros. Para Fogaça, essa prática deve ser vista como uma ferramenta estratégica de gestão, e não como manobra arriscada.
Estudos do IBPT mostram que empresas que adotam revisões periódicas conseguem reduzir significativamente sua carga tributária efetiva e ampliar a previsibilidade financeira. Apesar disso, a cultura de revisão ainda é pouco difundida no país.
4 medidas práticas para recuperar créditos
Para evitar perdas e fortalecer a gestão financeira, a especialista recomenda:
- Revisar os últimos cinco anos de tributos pagos, com apoio técnico especializado.
- Avaliar o regime tributário de acordo com faturamento e margem de lucro atual.
- Implementar auditorias preventivas semestrais para identificar distorções.
- Integrar tecnologia fiscal e contábil, reduzindo erros e inconsistências.
Tributo como estratégia, não apenas custo
Empresas que crescem de forma sustentável entendem que tributo não deve ser visto apenas como despesa, mas como parte da estratégia de gestão. “A cultura fiscal precisa deixar de ser emergencial e passar a ser rotina. Só assim o dinheiro deixa de ficar esquecido no Fisco e volta para onde realmente deve estar: no caixa das organizações”, conclui Fogaça.





