O Consumo Negro no Brasil: Inclusão e Oportunidades

O poder do consumo negro no Brasil: onde estão as novas oportunidades para marcas e negócios

Facebook
Twitter
LinkedIn

Uma nova pesquisa acaba de jogar luz sobre um tema crucial — e frequentemente invisibilizado — no mercado brasileiro: o consumo negro.

O estudo “O Consumo Invisível da Maioria: percepções, gatilhos e barreiras de consumo da população negra no Brasil”, apresentado durante o Fórum Brasil Diverso 2025, no Memorial da América Latina (São Paulo), revela dados inéditos sobre comportamento, preferências e poder de influência da população negra no país.

Realizada pelo Instituto Akatu e Instituto DataRaça, com execução da Market Analysis, a pesquisa mostra um retrato contundente: a população negra movimenta R$ 1,9 trilhão por ano e tem se tornado protagonista de um novo modelo de consumo — mais consciente, exigente e orientado por valores como pertencimento, representatividade e coerência.

Inclusão como estratégia de crescimento

De acordo com Lucio Vicente, diretor geral do Instituto Akatu, os resultados deixam claro que inclusão é sinônimo de competitividade.

“Quando a população negra se sente reconhecida, há mais disposição para compra, recomendação e fidelidade. As marcas que entenderem isso primeiro vão liderar o próximo ciclo de crescimento da economia nacional”, afirma.

Maurício Pestana, presidente do Instituto DataRaça e fundador do Fórum Brasil Diverso, complementa:

“O público negro premia coerência e pune incoerência. Quando a marca pratica o que comunica — seja no atendimento, na contratação ou na representação — ela conquista legitimidade e valor.”

O novo perfil do consumidor negro

A pesquisa ouviu 1.000 pessoas negras em todas as regiões do país, com representatividade nacional e margem de erro de 3,1 pontos percentuais.

Os resultados mostram um consumidor ativo, criterioso e consciente.

  • 37,4% já premiaram marcas que respeitam a população negra, comprando ou recomendando seus produtos.

  • 24,6% puniram empresas racistas, deixando de consumir ou criticando-as publicamente.

Mulheres negras e jovens entre 18 e 34 anos são os grupos mais engajados:

  • 42,6% das mulheres negras recompensaram empresas alinhadas à equidade racial.

  • 30,2% já boicotaram marcas racistas.

Entre os jovens da Geração Z (18 a 24 anos), 73,9% percebem discriminação em compras e serviços — mas 45,5% já premiaram marcas inclusivas.

Ou seja: o futuro do consumo brasileiro será guiado por propósito, coerência e representatividade.

Onde estão as maiores oportunidades

A pesquisa identifica os setores com melhor avaliação em inclusão racial:

  • E-commerce

  • Higiene e beleza

  • Moda

  • Bancos

Todos superam 70% de aprovação nos quesitos representatividade, atendimento e coerência.

Na outra ponta, bebidas, medicamentos e alimentos ainda falham no diálogo com a diversidade — um oceano azul de oportunidades para marcas que desejam inovar com propósito.

Os setores de varejo físico, shoppings e supermercados também aparecem como grandes desafios, mas com enorme potencial de ganho. A implementação de treinamentos antirracistas e experiências de consumo inclusivas pode transformar a confiança e fidelidade do público.

Representatividade que gera valor

A presença de pessoas negras nas campanhas publicitárias é um dos fatores mais determinantes para a percepção positiva das marcas — citada por até 15% dos entrevistados.

Por outro lado, o uso superficial da cultura negra e a ausência de campanhas sobre igualdade racial são os principais erros.

Para 64% dos consumidores, ver pessoas negras retratadas de forma positiva e diversa aumenta a confiança na marca.

E 69% afirmam que a ausência de lideranças negras reduz a autenticidade percebida.
Ou seja: representatividade real é mais do que estética — é credibilidade de marca.

O mercado premium e o poder das classes A e B negras

O estudo destaca também o potencial das classes A e B negras, que somam 28% dos respondentes.
Esse grupo é altamente estratégico:

  • 40% estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços que expressem respeito e autenticidade.

  • 26,1% confiam mais em multinacionais, e 24,7% preferem marcas nacionais com valores claros.

Esse é um público que valoriza diversidade como símbolo de sofisticação, abrindo espaço para inovação nos setores de moda, beleza, gastronomia, hotelaria e lifestyle premium.

Novos indicadores para medir inclusão

A pesquisa introduz dois índices inéditos no Brasil:

  • IBIRC (Índice de Barreiras à Inclusão Racial no Consumo): 59,5 pontos — indica que ainda há percepção significativa de exclusão.

  • IERC (Índice de Etnocentrismo Racial no Consumo): 36,5 pontos — mostra abertura a marcas autênticas e diversas.

Esses dados funcionam como ferramentas estratégicas para empresas acompanharem seu progresso em diversidade e ajustarem políticas de reputação e marketing.

Confiança condicional nas marcas

Outro dado relevante: 85,3% dos consumidores negros confiam mais nas empresas do que nos governos quando o tema é inclusão racial. Mas essa confiança é condicional — apenas 17% confiam plenamente nas grandes companhias.

ONGs e instituições religiosas aparecem como as fontes mais confiáveis, seguidas de redes sociais (62%), família (56%) e YouTube (53%). E o papel dos influenciadores e movimentos sociais é crescente: 73% das mulheres negras e 54% dos jovens dizem confiar mais nesses agentes do que em campanhas tradicionais.

Racismo ainda presente nas relações de consumo

Mesmo com avanços, 1 em cada 3 consumidores negros afirma ter sofrido discriminação ao tentar comprar produtos ou acessar serviços no último ano.

Em 70% dos casos, o racismo ocorre de forma sutil — nas lojas de varejo (41%), supermercados (28%) e shoppings (19%).

Apesar disso, há consciência e desejo de transformação: o consumo deixou de ser apenas ato econômico e passou a ser gesto de afirmação e pertencimento.

Inclusão: do discurso a vantagem competitiva no consumo negro

O grande recado da pesquisa é claro: inclusão não é só responsabilidade social — é imperativo econômico.

Empresas que traduzem diversidade em ações concretas — com lideranças negras, representatividade real e atendimento inclusivo — ganham em reputação, inovação e fidelidade.

Aquelas que se mantêm neutras, por outro lado, perdem espaço e relevância.
No novo cenário do consumo brasileiro, diversidade é credibilidade e inclusão é vantagem competitiva.

O futuro pertence às marcas que entenderem que representatividade importa — e que inclusão é o verdadeiro motor da reputação e do crescimento sustentável.

📊 Quer acessar o estudo completo?

Empresas interessadas em investir ou firmar parcerias podem solicitar o material completo pelo e-mail: parcerias@akatu.org.br.

Uma versão pública está disponível gratuitamente em: akatu.org.br/pesquisas-e-publicacoes

Não deixe de ler: Grupo AZZAS 2154 S.A. anuncia ajustes estratégicos no seu portfólio de marcas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima