Muito antes da treta entre McDonald’s e Burger King, os impérios em expansão eram Portugal e Espanha.
Mesmo naquela época, anterior ao “era tudo mato”, eles sabiam que era tudo mato e dividiam o vasto território a conquistar com critérios tão abstratos quanto o alcance de alguns raios que vemos por aí.
Foi assim surgiu o primeiro “raio contratual” da história, o Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha em 1494, que traçava uma linha imaginária a 370 léguas a oeste de Cabo Verde:
“O que estiver para o lado de cá, é meu, o que estiver para o lado de lá, é seu.”
Mas, como acontece com muitos contratos até hoje, a linha teórica era mal fundamentada, traçada em mapas rudimentares, com uma visão simplista de um mundo muito mais complexo do que se imaginava.
A clásula arbitral
O tratado, como tantos no universo das franquias, não evitou conflitos.
A disputa se intensificou quando os territórios começaram a ser efetivamente ocupados, e as linhas do papel passaram a ser desmentidas pela realidade do solo.
Foi nesse momento que entrou em cena um conceito que ainda ecoa nos tribunais modernos: o uti possidetis.
Traduzido do latim, quer dizer: “como possuís, assim possuireis”.
Ou, de forma mais direta: Quem ocupa de fato, tem mais direito do que quem apenas reivindica no papel.
O Papa Alexandre VI, então árbitro geopolítico supremo, acabou endossando essa lógica de que mais importante do que o papel era a presença real no território.
Assim, mesmo que certas áreas estivessem, em tese, do lado espanhol, Portugal acabou consolidando domínio sobre elas por ocupação ativa, definindo em grandes linhas o território que vem a ser o Brasil.
Do papa ao ponto
Avançamos 500 anos, trocamos cartas náuticas por planos de negócio, tratados por contratos, mas a tensão é a mesma.
Os acordos entre a franqueadora e seus franqueados nada valem quando o mercado começa a pulsar, quando o bairro cresce, e uma praça antes esquecida se valoriza, daí surge o conflito: quem tem direito sobre aquele espaço?
- O franqueado antigo, aquele que detém o contrato?
- Ou um novo, que poderia ocupar de fato, ativando o consumo e atendendo uma demanda real?
Eis que o velho uti possidetis emerge.
Não é o raio no papel que decide, mas a capacidade de ocupar, ativar e servir aquele território.
Somos Multi
É por isso que o Communit é tão necessário agora, ele não é só um palco de tendências.
Mas, principalmente, uma abordagem de terceira via sobre o futuro do território, nem o franqueado antigo, nem o novo devem prevalecer, mas quem for capaz de operar mais unidades numa mesma região com eficiência.
Porque, no fim, toda rede é um império em expansão, toda unidade, uma pequena capitania e todo franqueado, um navegador em busca de riquezas.
Como participar
📍 Quando: 24 a 26 de setembro de 2025
📍 Onde: São Paulo, na ARCA (Av. Manuel Bandeira, 360 – Vila Leopoldina)
🎟️Como se inscrever: communit.com.br/somos-multi
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