A conta já não está fácil. E a sopa de letrinha do varejo já está engasgando muitos de nós. No Shopping, CTO, IGPM, TKT MEDIO, PA, PMV. No ecommerce, ROI, CAC, LTV, CPM, CPV, VTEX, ADDS No financeiro: DRE, EBITDA, LAJIR, LAJIDA. Nos impostos, IPI, INSS, PIS, COFINS, ICMS, ISS, IRPJ… E PARA ENGASGAR DE VEZ IOF NO RISCO SACADO.
O governo acaba de elevar o IOF nas operações de risco sacado — mais um custo escondido que recai diretamente sobre o setor produtivo. Para quem não está familiarizado, o risco sacado é uma alternativa de crédito em que o fornecedor antecipa seus recebíveis com base na confiança de que o cliente (normalmente um varejista) vai honrar o pagamento.
Funciona como uma engrenagem essencial da cadeia de suprimentos, dando fôlego de caixa para os dois lados da transação.
Com o aumento do IOF, essa operação fica mais cara. O fornecedor repassa o custo. O varejista paga mais caro. E quem paga no fim é o consumidor — ou, pior ainda, o negócio quebra antes mesmo de repassar. Em um cenário onde o capital de giro já é escasso e o crédito caro e apertado, essa medida só dificulta ainda mais a vida do pequeno e médio varejista, que precisa manter prateleiras abastecidas e fornecedores satisfeitos.
Desde o início deste governo, temos visto um novo imposto a cada 37 dias. É uma estatística que deveria assustar qualquer empreendedor. O risco sacado, que antes era uma ferramenta de respiro, está virando armadilha. Estamos pagando para financiar nossa própria operação.
E o mais grave: tudo isso acontece em silêncio. O varejo, que é o setor que mais emprega no Brasil, sofre calado. Precisamos de mais vozes ativas nos. Porque enquanto estivermos ocupados demais tentando sobreviver no dia a dia, as medidas que nos prejudicam continuam passando batido — e os negócios que construímos com tanto esforço continuam sendo minados, pouco a pouco.
Esse artigo, mais do que uma crítica a esse novo ( de novo ) imposto criado, que tende a ser derrubado pelo congresso nos próximos dias, é um pedido de alerta para que tenhamos os olhos bem abertos para as próximas eleições e também a força do nosso setor na hora de pressionar os políticos que votarão em Brasília ou Estadualmente a nosso favor.
A bancada do Agro, a bancada da bala, a bancada dos trabalhadores, a bancada da bíblia, estão todos sendo representados e brigando por interesses maiores. Quem está falando de varejo lá? Ou como diria a sátira de Chapolin Colorado: Quem poderá nos defender?
Em 2026 teremos a chance novamente de escolher alguns deles. Que tenhamos a consciência de escolher alguns que nos defendam frente a tanto descaso com nosso setor.
E por fim, político tem “medo” de rede social, tendo em vista que todas as medidas controversas que foram revistas nos últimos 12-24 meses, foram frutos de altas críticas e viralizações das mídias sociais. Não vamos subestimar o poder que temos no online também, uma vez que pode ser mais um caminho alternativo de brigarmos para um varejo menos oneroso.
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