Nos últimos tempos, temos visto redes de franquias ganhando visibilidade na mídia por razões preocupantes: ambientes tóxicos, falta de equidade nas relações, lideranças distantes da realidade da ponta. Em muitos desses casos, a raiz do problema é clara – a cultura da rede se perdeu. E vale lembrar: cultura não é um documento institucional. É o comportamento diário da liderança.
Sim, é a liderança quem molda – com ações, e não discursos – o ambiente de uma empresa. E no universo das franquias, isso ganha uma camada extra de responsabilidade. Afinal, liderar uma rede é liderar uma comunidade de empreendedores, que compartilham um modelo, uma marca e, acima de tudo, um propósito em comum.
A cultura começa (e se mantém) no comportamento da liderança
A cultura de uma rede não nasce de um código de conduta nem de frases bonitas penduradas na parede. Ela é construída – ou corroída – no detalhe das atitudes do dia a dia. É o jeito como as decisões são tomadas, como os problemas são enfrentados, como a comunicação é feita. É o tom das conversas, a postura nas crises, a coerência entre o que se fala e o que se faz.
Por isso, o líder da franqueadora precisa estar consciente do impacto que exerce. Ele define o ritmo, o tom e o clima da rede. E isso não significa exercer autoridade – significa ser exemplo.
Liderança em rede não é controle, é direção
Diferente de uma empresa tradicional, a rede de franquias exige uma liderança que compreenda que não se trata de “mandar”, mas de inspirar e alinhar. Uma rede forte é aquela em que todos se sentem parte de um projeto maior – e isso só acontece quando há clareza no caminho e espaço para que cada franqueado se desenvolva dentro dele.
Liderar uma rede é saber dar direção, mas também escuta. É garantir coerência no modelo, mas respeitar a individualidade e os diferentes estágios de maturidade de cada operação. É entender que autonomia e padronização podem – e devem – coexistir.
Transparência, clareza e inclusão: o tripé de uma liderança moderna
Em um cenário onde desconfiança e ruídos podem minar resultados, transparência deixa de ser uma virtude e passa a ser uma obrigação. E isso vale para tudo: desde os números da rede até os critérios de decisão sobre investimentos, campanhas e estratégias.
A liderança da franqueadora precisa garantir que:
- As conversas difíceis aconteçam com respeito e clareza;
- Os papéis e responsabilidades estejam bem definidos, para que não haja sobreposição nem expectativa desalinhada;
- E que a gestão seja participativa, com canais abertos de comunicação e decisões tomadas com base na realidade da ponta – não apenas na sala da diretoria.
O sucesso de uma rede é coletivo – e começa pelo respeito mútuo
Quando a liderança assume o compromisso de construir uma cultura saudável, o reflexo é imediato: mais engajamento, mais confiança, mais consistência nos resultados. Porque franqueados bem liderados são franqueados mais conectados ao negócio, à marca e à rede.
Uma rede de franquias forte é aquela em que ninguém se sente maior do que o todo, mas todos se sentem parte dele.
Liderar é construir pontes, não muros
Por fim, é importante lembrar: liderar não é sobre controle, é sobre conexão. É sobre estar presente, disponível e disposto a construir uma jornada em conjunto.
Em um mundo onde relações se desgastam com facilidade e a cultura pode escorregar para o autoritarismo ou a negligência, liderar com empatia, escuta ativa e coerência é o diferencial que separa redes duradouras de projetos passageiros.