Humanizar não é fingir que os bots são humanos: os desafios da IA no atendimento

Humanizar não é fingir que os bots são humanos: os desafios da IA no atendimento

Facebook
Twitter
LinkedIn

Durante o CONAREC 2025, mediei uma mesa com líderes do Banco do Brasil, da Loggi e da Tahto sobre o tema IA Conversacional: Humanização e Satisfação em Escala. A principal lição que sugriu  da conversa é especialmente relevante para o varejo: a tecnologia precisa ser usada para resolver de fato os problemas do cliente, sem esconder quando a interação é automática, e sempre respeitando o momento certo de passar para um humano.

Para o pequeno e médio varejista, que busca eficiência sem perder proximidade, essa abordagem pode ser o diferencial entre um cliente satisfeito e um cliente perdido.

1 – Multiagentes: dividir para resolver melhor

Bots generalistas tendem a falhar. No painel, surgiu o conceito de arquitetura de multiagentes: vários assistentes especializados, cada um com uma função clara.

👉 No varejo, isso pode significar:

  • Agente de vendas: tira dúvidas sobre produtos e promoções.
  • Agente financeiro: lida com boletos, pagamentos e parcelamentos.
  • Agente de logística: acompanha rastreio de pedidos e prazos de entrega.
  • Agente de exceções: reconhece problemas críticos e aciona rapidamente um atendente humano.

Esse modelo aumenta a taxa de resolução e evita frustrações. A Loggi, por exemplo, já consegue automatizar 80% dos atendimentos mantendo 85% de satisfação — o mesmo nível do atendimento humano.

2 – Tom de voz e empatia

Não basta o bot responder rápido: ele precisa falar a língua do cliente. Isso significa manter o tom de voz da marca e reconhecer sentimentos na interação.

💡 Exemplo para o varejo:

  • Se o cliente escreve “estou desesperado porque meu pedido não chegou”, a IA deve identificar o tom de urgência e responder de forma acolhedora, antes de dar a solução prática.

Empatia digital é o que transforma um simples robô em uma experiência positiva.

3 – Transparência gera confiança

Um dos pontos mais fortes do painel foi a defesa da transparência: sempre informar ao cliente quando a interação é feita por uma IA.

No varejo, isso significa avisar claramente:

  • “Você está falando com nosso assistente virtual.”
  • “Se preferir, peça para falar com um atendente humano.”

Essa honestidade evita frustrações e constrói confiança, algo essencial para manter clientes fiéis.

4 – Cocriação: tecnologia + atendimento

Outro aprendizado é que a IA não deve ser implementada isoladamente pelo time de tecnologia. O desenvolvimento precisa ser feito em parceria com a equipe de atendimento.

Para o pequeno varejista, isso pode ser simples:

  • Incluir vendedores e atendentes no processo de configuração do bot.
  • Usar feedback real dos clientes para treinar respostas.
  • Ajustar fluxos como se estivesse “treinando um novo colega de equipe”.5 – Acolhimento e transição suave

Bots resolvem boa parte das interações, mas o sucesso depende de saber quando entregar o caso a um humano.

No varejo, isso vale para:

  • Reclamações graves.
  • Pedidos de sigilo.
  • Problemas de alta complexidade.

Uma transição suave garante que o cliente não sinta que “voltou para o zero” quando muda do bot para o atendente humano.

Boas práticas para o varejo aplicar agora

  • Comece simples: crie um agente para dúvidas de produto ou rastreio de entrega.
  • Defina um tom de voz que reflita a identidade da sua marca.
  • Avise sempre quando o cliente estiver interagindo com a IA.
  • Coloque alguém da equipe para revisar as respostas e coletar feedbacks.
  • Monitore métricas como NPS, CSAT, tempo de resposta, taxa de resolução e satisfação.

Conclusão

Humanizar não é fingir que os bots são humanos.
Humanizar é usar a tecnologia para simplificar, acolher e resolver, entregando ao cliente a experiência que ele espera — no tempo que ele precisa.

Para o varejo, a IA conversacional é mais que automação: é uma aliada para construir confiança, aumentar eficiência e gerar valor em escala.

Leia também: IA generativa para pequenos varejistas: o passo a passo para começar do zero

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima