Mesmo diante de um cenário econômico desafiador, o franchising brasileiro mantém sua trajetória ascendente. Em 2025, o setor registrou um crescimento de 13,5% no faturamento, mas um novo levantamento do Grupo BITTENCOURT, intitulado “O Código do Crescimento no Franchising”, mostra que o verdadeiro diferencial das marcas de sucesso vai muito além dos números.
O que separa as redes que prosperam daquelas que apenas crescem é como elas crescem — com visão de longo prazo, inteligência estratégica e consistência nas práticas de gestão.
Realizada entre julho e agosto de 2025, com 135 redes de franquias de diversos portes e segmentos, a pesquisa revela um franchising mais maduro, que busca equilibrar expansão com sustentabilidade.
“Hoje, crescer significa evoluir em estrutura, cultura e propósito. As redes que compreendem isso estão construindo o futuro, e não apenas resultados imediatos”, afirma Caroline Bittencourt, diretora de Relacionamento e Insights do Grupo BITTENCOURT e líder do estudo.
Crescimento com base sólida e governança estruturada
Mais da metade das redes entrevistadas (53%) adota uma postura de crescimento conservadora, enquanto 22% planejam expandir de forma mais agressiva.
O movimento de abertura de franquias locais continua predominante (96%), mas há sinais de diversificação: 36% das redes miram a internacionalização, e 33% apostam em unidades próprias como laboratórios de inovação.
“Esses dados evidenciam um franchising que amadureceu. As marcas perceberam que crescer sem base é como erguer um castelo de areia: parece firme, mas não resiste ao tempo”, explica Lyana Bittencourt, CEO do Grupo BITTENCOURT.
A nova lógica da atratividade no franchising
O que antes definia o apelo de uma franquia — marca consolidada e modelo testado — já não é suficiente.
Hoje, as redes mais atrativas são aquelas que oferecem valor real ao franqueado: retorno financeiro consistente (37%), margens competitivas (28%), acesso à inovação (27%) e comprometimento com ESG (15%).
“Mais do que vender franquias, trata-se de oferecer oportunidades de negócio inteligentes, com propósito, eficiência operacional e governança robusta”, reforça Lyana.
O novo papel dos consultores de campo
O estudo aponta que 93% das redes contam com consultores de campo, responsáveis por acompanhar, em média, 22 franqueados e recebendo R$ 6,7 mil mensais.
Mas o destaque não está na estrutura, e sim no novo papel estratégico desses profissionais.
À medida que o franchising evolui, o consultor de campo deixa de ser apenas um executor de tarefas para se tornar um mentor estratégico — alguém capaz de traduzir dados em inteligência, identificar oportunidades e impulsionar o desenvolvimento dos franqueados como gestores.
O estudo defende que a remuneração desses profissionais deve refletir o impacto real de suas ações na performance da rede, valorizando resultados sustentáveis e não apenas volume de atendimento.
O uso de tecnologias avançadas — como BI, inteligência artificial e dashboards de performance — amplia o alcance desses profissionais, tornando o suporte mais personalizado e eficiente, mesmo à distância.
“Suporte não é custo; é o elo que sustenta o crescimento coletivo. E a tecnologia é o multiplicador dessa força”, ressalta Caroline.
Inteligência estratégica e a Matriz de Complexidade x Importância
Um dos destaques da pesquisa é a Matriz de Complexidade x Importância, que sintetiza o novo código do crescimento no franchising.
Cada dimensão da gestão — do propósito à tecnologia — é posicionada conforme sua relevância e grau de dificuldade, revelando os pontos críticos para a evolução do setor.
Nos pilares estruturantes, aparecem propósito, conceito e potencial de mercado — fatores essenciais, de baixa complexidade, que devem estar consolidados nas redes.
“Esses fundamentos precisam ser revisados com coerência, para que não se tornem apenas discurso”, observa Caroline.
No nível intermediário, que envolve liderança, cultura, dados e processos, está a fronteira da maturidade. São dimensões que exigem método, investimento e constância — e que diferenciam as redes realmente preparadas para transformar informação em decisão estratégica.
Já no território de diferenciação, a combinação entre tecnologia e liderança do franqueado se consolida como a principal fonte de vantagem competitiva. Redes que alinham inovação com o desenvolvimento de líderes locais constroem barreiras reais à concorrência.
Por outro lado, a pesquisa alerta para a chamada “miopia estratégica” — quando temas estruturais como governança e sucessão são deixados em segundo plano.
“É o erro de crescer sem estrutura. O curto prazo mostra resultados, mas o longo prazo cobra caro”, afirma Lyana.
Pessoas e cultura: o núcleo do crescimento sustentável
O quadrante de maior impacto da matriz é o que envolve pessoas e cultura. Apesar do reconhecimento da importância desses fatores, ainda há um descompasso entre discurso e prática no setor.
“Sem pessoas no centro, não há inovação nem crescimento sustentável. O verdadeiro crescimento é consequência de times desenvolvidos, engajados e valorizados”, reforça Lyana.
O futuro do franchising brasileiro
A principal mensagem do estudo é clara: o código do crescimento está na convergência entre visão, consistência e disciplina.
“Inteligência estratégica é enxergar além dos resultados imediatos — é conectar dados, cultura e propósito para gerar valor contínuo”, conclui Caroline Bittencourt.
Lyana complementa:
“O segredo do crescimento não está nos números, mas nas pessoas — e na capacidade de transformar propósito em resultado.”
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