Depois de meses de apreensão, o setor de hortifrútis no Brasil respira aliviado. O governo norte-americano revogou, em novembro, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que havia impactado fortemente as exportações de frutas e outros itens agrícolas. A expectativa agora é de retomada gradual dos embarques e recuperação dos preços, após três meses e meio de queda acentuada no volume e no valor das vendas.
Impactos do tarifaço
Entre agosto e outubro, os números foram preocupantes:
- Manga: perda de 40% no valor exportado, mesmo com aumento de 41% no volume embarcado.
- Castanha-do-pará: queda de 94% nos envios, passando de 367,6 toneladas em 2024 para apenas 21,6 toneladas em 2025.
- Uva: retração de 67% nas exportações, com redução também nos preços.
- Café: diminuição de quase 40% no volume, embora os preços tenham subido 38%.
- Gengibre: queda de 22% em volume e 37% em valor.
Esses dados, divulgados pelo Comex Stat e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mostram o peso da sobretaxa sobre o agronegócio brasileiro.
Oportunidade de retomada
Para Renato Francischelli, country director da Ascenza Brasil, a retirada da tarifa abre espaço para reconstruir relações comerciais e devolver competitividade ao setor:
“O mercado norte-americano é estratégico para as frutas brasileiras. Sem a sobretaxa, há mais possibilidade de escoamento, preços mais estáveis e condições de manter a produção. É a oportunidade de recolocar a fruta brasileira nas prateleiras em que sempre tiveram destaque.”
Estratégias durante a crise
Mesmo com o tarifaço, exportadores brasileiros buscaram alternativas:
- Diversificação de mercados, ampliando vendas para Europa, Ásia e América do Sul.
- Manutenção de embarques para os EUA, mesmo com margens reduzidas, para evitar estoques elevados e preservar relações comerciais.
- Aceitação de preços mais baixos, como estratégia defensiva para não perder espaço nas gôndolas americanas.
Perspectivas para o comércio exterior
A tarifa vigorou entre 6 de agosto e 20 de novembro, período em que as exportações brasileiras para os EUA caíram 16,5% em agosto, 20,3% em setembro e 37,9% em outubro. Ainda assim, o Brasil registrou crescimento de 9,1% nas vendas externas em outubro, alcançando recorde histórico para o mês desde 1989.
O fim do tarifaço representa não apenas um alívio imediato, mas também uma chance de reposicionar o setor de hortifrútis brasileiro no mercado internacional. Agora, produtores e exportadores voltam a olhar para o futuro com mais confiança, prontos para retomar o crescimento e fortalecer a presença das frutas brasileiras nos Estados Unidos e além.
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