O setor de alimentação fora do lar segue mostrando força no Brasil. As vendas da indústria de alimentos para o food service continuam crescendo em ritmo superior ao varejo alimentício, mas o cenário ainda impõe obstáculos.
Segundo projeções da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o segmento deve movimentar R$ 287,1 bilhões em 2025, um avanço nominal de 10% sobre os R$ 260,9 bilhões registrados no ano anterior.
📌 Congresso de Food Service: panorama e tendências
Os dados foram apresentados no 18º Congresso de Food Service, realizado em São Paulo. O evento reuniu líderes, especialistas, startups e representantes da indústria para debater os rumos do mercado e as transformações que moldam o setor.
A participação do food service na produção da indústria de alimentos deve atingir 28,3% em 2025, mantendo a trajetória de crescimento observada nos últimos anos. Para 2026, a expectativa é de expansão nominal entre 8% e 9%, com crescimento real (descontada a inflação) de 2,5% a 3%.
📉 Desafios: inflação e custos elevados
Apesar do avanço, o setor enfrenta pressões importantes:
- Inflação dos alimentos fora do lar: acumulado de 8,24%, acima do IPCA, impactando diretamente o preço dos pratos e reduzindo o fluxo de clientes.
- Câmbio e juros altos: elevam custos e limitam investimentos.
- Mão de obra: disponibilidade e custo seguem como preocupações constantes.
Joicelena Fernandes, coordenadora do Comitê de Food Service da ABIA e diretora da Seara Alimentos, destacou que o crescimento precisa ser acompanhado de estratégias inteligentes: “É essencial conhecer melhor os consumidores e criar ferramentas que impulsionem o mercado.”
📊 Comportamento do consumidor
Os números mostram mudanças no consumo:
- Participação da alimentação fora do lar nos gastos: 29,4% em 2024, com projeção de 30% em 2025 e 30,5% em 2026.
- Tráfego: 2,9 bilhões de visitas no 3º trimestre de 2025, queda de 5% frente ao mesmo período de 2024.
- Ticket médio: alta de 7%, chegando a R$ 19,38.
- Gasto total: R$ 55,4 bilhões, crescimento de 2%.
🎲 Apostas e impacto no consumo
Um ponto curioso levantado no Congresso foi o efeito das bets sobre o consumo. Marcos Gouvêa, diretor da Gouvêa Ecosystem, revelou que os brasileiros gastam cerca de R$ 22 bilhões por mês em apostas oficiais. Somando as não oficiais, o valor pode chegar a R$ 300 bilhões por ano — recursos que deixam de circular no food service e no comércio.
Além disso, os juros altos ampliam a disparidade entre consumidores: enquanto o segmento de luxo cresceu 26% entre 2022 e 2024, milhões de brasileiros dependem de auxílios e bolsas para manter o consumo básico.
🌍 Fatores de estímulo
Apesar das pressões, há pontos positivos que podem impulsionar o setor:
- Turismo doméstico em alta, fortalecendo polos urbanos e regiões turísticas.
- Digitalização e inteligência artificial, integrando delivery, atendimento e gestão.
- Confiança do consumidor em crescimento (87,5% em setembro, segundo FGV).
- Queda do desemprego, que chegou a 5,6% em agosto.
🏭 Indústria preparada para o food service
João Dornellas, presidente executivo da ABIA, ressaltou que as indústrias se estruturaram para atender às demandas específicas do food service: “Estamos presentes em todos os momentos do dia, oferecendo não apenas alimentos, mas experiências únicas que unem tradição, inovação e sabor.”
✅ Conclusão
O food service brasileiro segue crescendo acima do varejo, mas o futuro dependerá da capacidade de equilibrar custos, explorar novas tecnologias e entender melhor o consumidor. O desafio não é apenas expandir, mas crescer com rentabilidade em um mercado cada vez mais competitivo e digitalizado.
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