Jornadas Mais Curtas Melhoram a Produtividade? Ou Estamos Fazendo a Pergunta Errada?

Jornadas Mais Curtas Melhoram a Produtividade? Ou Estamos Fazendo a Pergunta Errada?

Nos últimos anos, tem ganhado força a discussão sobre a redução da carga horária de trabalho como caminho para aumentar a produtividade. Diversos países já testaram modelos de jornada de quatro dias, e empresas de diferentes setores estão revendo suas rotinas.

Mas será que a pergunta mais importante é mesmo “quantas horas trabalhamos por semana”? Ou deveríamos estar nos perguntando como medimos o trabalho?

De “horas trabalhadas” para “valor gerado”

Durante décadas, o tempo foi a principal régua usada para medir esforço e dedicação profissional. Ainda hoje, muitas culturas corporativas valorizam jornadas longas como sinal de comprometimento. Porém, esse modelo está cada vez mais em xeque, especialmente entre as novas gerações.

Para muitos profissionais, especialmente millennials e geração Z, produtividade não está necessariamente ligada ao número de horas, mas sim ao impacto das entregas, à autonomia para executar tarefas e à sensação de propósito no trabalho.

Cada geração, uma lógica diferente

Enquanto algumas gerações associam a jornada tradicional a valores como estabilidade, disciplina e segurança, outras já buscam flexibilidade, equilíbrio e significado. A mudança de mentalidade está em curso, e ela questiona não apenas quanto se trabalha, mas por que e para quê.

Essa transformação cultural pede um novo olhar sobre como estruturamos o dia a dia nas empresas. Em vez de contabilizar horas, que tal acompanhar resultados consistentes, qualidade nas entregas e clareza de objetivos?

Trabalhar menos ou trabalhar melhor?

Reduzir a jornada pode, sim, trazer benefícios como mais foco, menos burnout e maior satisfação pessoal. No entanto, uma carga horária menor não garante, por si só, mais produtividade. O que realmente muda o jogo é a forma como o trabalho é conduzido: com metas claras, autonomia, comunicação eficaz e confiança.

Nesse contexto, o desafio é ainda mais profundo: mudar o modelo mental. Sair de uma cultura orientada por tempo e presença para uma cultura voltada a resultados, desempenho e bem-estar.

Estamos prontos para essa transição?

A resposta pode variar de acordo com o setor, o perfil da equipe e a maturidade da liderança. Mas uma coisa é certa: repensar a forma como avaliamos o trabalho é essencial para evoluirmos como sociedade produtiva, saudável e adaptável.

Afinal, não se trata apenas de trabalhar menos — trata-se de trabalhar melhor, com inteligência, propósito e equilíbrio.

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